Museu da Marioneta

Wayang Golek e Wayang Klitik

As marionetas de teatro Golek e do Klitik são de madeira, com uma dimensão que raramente excede ao 60cm. No caso das primeiras, a cabeça, com os pormenores do rosto entalhados e sublinhados a cor, encontra-se fixada a um suporte de madeira que atravessa o corpo e termina em ponta afiada, muitas vezes reforçada e revestida a metal para facilitar a sua fixação. A manipulação deste suporte permite rodar a cabeça das marionetas, movimentos que são acompanhados pelo dos braços e mãos. Os braços ligam-se ao corpo da marioneta, mantendo a sua mobilidade ao nível dos ombros, dos cotovelos e das mãos. O movimento dos braços e mãos é possível graças a finas hastes em madeira, ou, mais raramente, de chifre de búfalo, fixadas às mãos. O marionetista pode assim articular os movimentos da cabeça com os dos braços e das mãos.

As marionetas com pernas, bastante raras, são utilizadas para montar seres mitológicos, caso do pássaro garuda ou cavalos.
A cor do rosto das marionetas é um sinal importante na identificação das respectivas personagens. O ouro é reservado para as personagens de natureza divina, o branco e o verde para os príncipes e nobres, o amarelo para os servidores, o vermelho e o castanho para os demónios e personagens agressivas e com mau carácter.

As marionetas Klitik são feitas a partir de uma prancha de madeira na qual a personagem e o respectivo suporte são entalhados. Apenas os braços, feitos de cabedal, são possíveis de movimentar graças a duas finas hastes de madeira ou de chifre de búfalo, fixadas às suas mãos. Os dois lados da marioneta, o rosto e o corpo são delineados e pintados com rica decoração. As vestes das personagens, de grande e delicado pormenor, com cores e folha de ouro, reforçam e sinalizam o respectivo estatuto.

À semelhança das danças com máscaras (Topeng) também a arte das marionetas Golek está habitualmente associada aos Santos do Islão, personagens que no decorrer do séc. XVI, desempenharam um papel essencial na expansão desta religião em Java, tradicionalmente de cultura hindu e animista.

O herói do Wayang Golek é uma figura muçulmana, Amir Hanzah, do ciclo de Menak, sendo Daman Wulan, personagem do reino hindu-budista de Majapahit, o herói dos Wayang Klitik. No entanto, em ambos os casos os episódios encenados recorrem de igual modo ao repertório inspirado nos épicos indianos do Ramayana e Mahabharata e às aventuras do príncipe Panji.

Os espectáculos são acompanhados por música e combinam a fala, o canto e a descrição narrativa da acção, tendo uma longa duração, normalmente mais de 9 horas, donde resulta a importância das variações que o Dalang, (manipulador) pessoa investida de uma qualidade mágica e religiosa,  pode introduzir nas  histórias, que à vista do público e rodeado pelos cantores e pelo gamelan, conjunto de gongos, tambores flautas e instrumentos de corda, tem que estar atento ao interesse continuado da sua por vezes irrequieta audiência.